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COPOM de costas para o povo: por que a Selic alta é um projeto político?


O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central do Brasil elevou na última reunião do dia 07 de maio a taxa Selic em 0,5 p.p., saindo de 14,25% para 14,75%, como sempre a justificativa técnica de que a alta é uma medida “necessária” para colocar a inflação dentro da meta é anunciada pelo COPOM. Entretanto, por trás dessa suposta política monetária necessária há uma lógica perversa que condena a sociedade, ou seja, os juros em patamares abusivos evidencia a captura do Estado pela classe rentista e financeira em detrimento da classe trabalhadora e da justiça social.


 Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Analisando o cenário brasileiro com os juros em patamares abusivos o que se observa é o aumento dos gastos do governo com o pagamento de títulos da dívida pública, com a atual taxa a tendência é de que, segundo dados do Banco Central, o Governo gaste o valor histórico de R$ 1 trilhão de reais em pagamentos de títulos. O fato que gera indignação é que esse dinheiro que deveria ser destinado a investimentos sociais como em saúde, educação, infraestrutura, saneamento básico e entre outros é direcionado para bancos, fundos de investimentos e rentistas, como consequências há um aumento da concentração de renda e não só o custo de vida da população, como também o desenvolvimento econômico do país são sacrificados para remunerar os proprietários de títulos da dívida e ativos financeiros indexados à taxa selic. 

Nesse contexto, enquanto a burguesia financeira é privilegiada a classe trabalhadora sofre com a desaceleração da economia, com o endividamento crescente através de empréstimos e cartões com juros extorsivos, com a inadimplência e a precarização dos serviços públicos, visto que, grande parte do orçamento é drenado para pagar juros da dívida. Além disso, o discurso pronto reproduzido por economistas que servem ao grande capital de que juros altos combatem inflação não passa de uma grande ilusão pois a inflação brasileira é algo estrutural à medida que representa um capitalismo periférico dependente, não é apenas um fenômeno monetário de “demanda aquecida”, outro ponto importante de avaliar é que a política de juros altos não ataca as causas reais dos preços, mas disciplina o consumo popular via crédito caro que garante elevadas margens de lucro ao capital.

a inflação brasileira é algo estrutural à medida que representa um capitalismo periférico dependente, não é apenas um fenômeno monetário de “demanda aquecida”

Como Marx elucidou, o capital financeiro é parasitário porque ele não produz mercadorias, aumenta seus rendimentos pelo caminho mais curto e rápido D-D’ sem produzir valor real e sequestra a riqueza social via mecanismos como por exemplo a dívida pública, mecanismo de extração de mais-valia indireta.

Portanto, manter os juros em patamares abusivos é muito mais uma questão política do que meramente econômica, à medida que o aumento da dívida pública na composição do orçamento contribui para legitimar um conjunto de medidas de cunho neoliberal e universalizar interesses exclusivos do grande capital. 


Referências:

BRETTAS, Tatiana. Capitalismo dependente, neoliberalismo e financeirização das políticas sociais no Brasil. 1. ed. São Paulo: Editora Consequência, 2020.

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